Durante a COP29, realizada em Baku, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) apresentou um estudo inovador que explora os efeitos da restauração florestal na agricultura e no meio ambiente. A pesquisa, parte do projeto Galo (Avaliação Global a partir de Observações Locais), analisou como a recuperação de 2% a 10% da paisagem local pode prevenir quebras de safra e aumentar a produtividade agrícola. No caso da soja, o ganho em áreas restauradas pode chegar a 10 sacas por hectare, o equivalente a 600 quilos.
Florestas Restauradas e Agricultura: Um Caminho Promissor
O levantamento, que abrange dados desde 1985, revelou que mesmo florestas secundárias, formadas após a recomposição, não conseguem recuperar completamente funções importantes como a evapotranspiração, fundamental para o ciclo da água. Além disso, a regulação climática, incluindo o controle de temperatura, também não retorna ao nível original.
Apesar dessas limitações, a pesquisa destaca o impacto positivo das florestas restauradas na eficiência agrícola. Segundo Ludmila Rattis, pesquisadora do Ipam e do Centro de Pesquisa Climática Woodwell, “mais floresta significa maior produtividade”. No caso da soja, áreas com vegetação restaurada podem alcançar um aumento expressivo na produção.
A Importância da Preservação de Florestas Primárias
Embora os resultados sejam promissores, os pesquisadores alertam que a restauração não pode substituir a preservação das florestas primárias. “As florestas primárias são insubstituíveis e devem ser protegidas como prioridade”, enfatizou Rattis.
O estudo contou com a colaboração dos pesquisadores André Andrade, Bianca Rebelato, Elisângela Rocha e Ludmila Rattis, reforçando a importância de integrar ciência e políticas públicas na busca por soluções que combinem sustentabilidade e produtividade.
Esses dados reforçam a necessidade de iniciativas que promovam tanto a conservação de florestas intactas quanto a recuperação de áreas degradadas, garantindo benefícios para o meio ambiente e para a agricultura.