O mercado físico do boi gordo segue enfrentando desafios, com a sexta-feira sendo mais um dia de baixa nos preços da arroba. As quedas mais significativas foram registradas nas regiões produtoras do Norte do país, refletindo uma combinação de fatores como escalas de abate confortáveis e uma demanda doméstica saturada.
Segundo a consultoria Safras & Mercado, indústrias dessas regiões têm fechado negócios abaixo da marca de R$ 300 por arroba, indicando que o movimento de queda nos preços pode continuar no curto prazo. “A saturação da demanda interna de carne bovina é um dos elementos que explicam o comportamento atual das indústrias. Além disso, os preços no atacado atingiram suas máximas históricas, deixando pouco espaço para novos reajustes”, destacou Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria.
Cotações do Boi Gordo nas Principais Regiões Produtoras
Apesar das diferenças regionais, o cenário geral é de estabilidade ou retração nos valores pagos ao produtor. Confira as médias mais recentes:
- São Paulo: R$ 326,25
- Goiás: R$ 316,43
- Minas Gerais: R$ 315,88
- Mato Grosso do Sul: R$ 322,84
- Mato Grosso: R$ 304,47
Esses números refletem as condições locais de oferta e demanda, além da influência de fatores macroeconômicos, como o câmbio, no custo de produção e na competitividade da carne brasileira no mercado externo.
Mercado Atacadista: Preços Firmes, Demanda Limitada
No mercado atacadista, os preços continuam firmes, mas a demanda doméstica tem encontrado dificuldades para sustentar novos reajustes. A alta histórica no preço da carne bovina no varejo tem levado consumidores a buscarem alternativas mais acessíveis, como o frango e a carne suína, mesmo com a chegada do 13º salário, que tradicionalmente aquece o consumo em dezembro.
Iglesias destacou que a tendência é de priorização de proteínas mais baratas: “Boa parte da população tem optado por carnes mais acessíveis, principalmente a de frango, mesmo em um mês de maior circulação de dinheiro.”
Os cortes bovinos mantiveram suas cotações:
- Quarto dianteiro: R$ 20,50 por quilo
- Quarto traseiro: R$ 27,00 por quilo
- Ponta de agulha: R$ 19,50 por quilo
Esses valores refletem a resistência do mercado atacadista em ajustar preços para baixo, mesmo diante de uma demanda interna enfraquecida.
Impacto do Câmbio no Setor
Outro fator relevante no cenário atual é a oscilação do dólar, que influencia diretamente o custo dos insumos e a competitividade da carne brasileira no mercado externo.
Na sexta-feira, o dólar comercial encerrou a sessão com uma queda de 0,58%, sendo negociado a R$ 6,0088 para venda e R$ 6,0068 para compra. Durante o dia, a moeda oscilou entre a mínima de R$ 5,9597 e a máxima de R$ 6,0357.
A valorização recente do real frente ao dólar pode limitar a rentabilidade das exportações, embora ajude a aliviar parte dos custos de produção, especialmente daqueles que dependem de insumos importados, como medicamentos e rações.
Perspectivas para o Mercado do Boi Gordo
O mercado do boi gordo enfrenta um cenário desafiador no curto prazo. A oferta ajustada nas indústrias e a saturação do consumo interno devem continuar pressionando os preços, enquanto os cortes bovinos no atacado permanecem com valores historicamente altos.
No entanto, o início de 2024 pode trazer novos elementos para o mercado, com maior movimentação nas exportações e possíveis ajustes na oferta doméstica. A China, maior compradora de carne bovina brasileira, segue sendo um mercado estratégico para equilibrar a balança do setor.
Além disso, o câmbio continuará desempenhando um papel crucial, influenciando tanto os custos internos quanto a competitividade da carne brasileira no exterior.
Por enquanto, o produtor deve se manter atento às oscilações do mercado e buscar estratégias para proteger sua rentabilidade em um cenário de incertezas. A eficiência na gestão do rebanho e a diversificação de mercados podem ser fatores decisivos para superar os desafios que o setor enfrenta.
Embora os preços do boi gordo estejam em queda, a dinâmica do mercado segue ditada por múltiplos fatores econômicos e sazonais. Manter-se informado e acompanhar os movimentos do mercado será essencial para enfrentar os próximos meses com segurança.