Um projeto inovador liderado pela Embrapa Pecuária Sul está colocando a carne bovina gaúcha em evidência no cenário nacional e internacional. A iniciativa busca mapear as características nutricionais e de saudabilidade da carne produzida no Rio Grande do Sul, correlacionando essas propriedades aos diferentes sistemas de criação utilizados no estado.
Com o envolvimento de mais de 20 especialistas de instituições renomadas e o uso de tecnologias avançadas como metabolômica e inteligência computacional, o projeto visa compreender como os sistemas produtivos impactam na qualidade da carne, trazendo benefícios tanto para produtores quanto para consumidores.
Tecnologia a Serviço da Qualidade da Carne
A pesquisadora Élen Nalério, responsável pelo estudo, explica que o uso da metabolômica permite uma análise detalhada do sistema biológico dos animais. “Essa ferramenta possibilita identificar os compostos presentes na carne e compreender de que forma o sistema de produção influencia a qualidade final do produto”, afirma.
Os dados obtidos serão organizados em um banco de informações alimentado por inteligência computacional. Esse banco buscará padrões que relacionem a qualidade nutricional da carne ao ambiente de criação, considerando variáveis como tipo de solo, alimentação, raça dos animais e até emissões de carbono.
O projeto está avaliando entre três e cinco sistemas de produção predominantes no Rio Grande do Sul, com o objetivo de criar modelos preditivos aplicáveis em pesquisas futuras e que possam valorizar ainda mais a carne gaúcha no mercado.
Impactos para a Saúde e o Mercado
Um dos resultados mais esperados da pesquisa é a criação de um dossiê detalhado sobre a carne bovina gaúcha. Essas informações poderão subsidiar políticas públicas, como o Guia Alimentar para a População Brasileira, e combater desinformações sobre o impacto da carne na saúde humana.
Segundo Nalério, o estudo tem um papel relevante em um cenário de crescente preocupação ambiental e questionamentos sobre o consumo de carne. “Acreditamos que a carne produzida no Rio Grande do Sul possui características únicas, tanto em termos de eficiência produtiva quanto de benefícios à saúde, o que pode abrir novos mercados e agregar valor à produção local”, destaca a pesquisadora.
Além de valorizar a produção regional, os dados também ajudarão a fortalecer a confiança dos consumidores, evidenciando o compromisso dos produtores gaúchos com a qualidade e a sustentabilidade.
Metodologia Avançada e Colaboração Multidisciplinar
A pesquisa envolve coleta de dados em campo e em laboratório. Entre as informações analisadas estão a dieta dos animais, a idade de abate, o tipo de solo e as emissões de metano. Essas informações serão combinadas com análises químicas realizadas no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Carnes da Embrapa Pecuária Sul.
Os estudos laboratoriais incluem parâmetros físico-químicos, composição de ácidos graxos, presença de vitaminas e outros indicadores de qualidade. Essa abordagem minuciosa permite uma visão abrangente das propriedades da carne, alinhando ciência e tecnologia para alcançar resultados robustos.
O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e conta com a colaboração de pesquisadores da Embrapa Gado de Leite (MG), Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Essas instituições contribuem com expertises em áreas como ciência da carne, química e engenharia de alimentos, estatística, física e matemática aplicada.
Rumo ao Futuro da Produção Sustentável
Embora atualmente focado no Rio Grande do Sul, o projeto tem potencial para ser expandido para outros estados brasileiros, abrangendo diferentes biomas e sistemas produtivos. “Estamos desenvolvendo metodologias que poderão ser aplicadas em diversas regiões, fortalecendo a cadeia produtiva nacional”, conclui Nalério.
Essa iniciativa pioneira coloca a carne bovina gaúcha no centro das discussões sobre eficiência produtiva e sustentabilidade, criando um modelo que beneficia produtores, consumidores e o mercado. Ao integrar ciência de ponta, tecnologias inovadoras e colaboração interdisciplinar, o projeto reforça o papel do Brasil como líder em qualidade e inovação na produção de carne bovina.
O trabalho não apenas valoriza a carne bovina gaúcha, mas também contribui para o desenvolvimento de um setor mais sustentável e consciente, atendendo às demandas de um mercado cada vez mais exigente. Assim, o projeto promete não apenas transformar a produção no Rio Grande do Sul, mas também inspirar iniciativas semelhantes em todo o Brasil.
