Com a chegada do Natal, os agricultores de Paranapanema, no interior de São Paulo, intensificam os preparativos para o cultivo da poinsétia, conhecida popularmente como flor de Natal. Suas folhas vermelhas vibrantes, que se destacam como símbolo da época festiva, fazem dela uma das plantas mais procuradas no fim do ano. Além de “flor de Natal”, a poinsétia também é chamada de bico-de-papagaio ou rabo-de-arara, refletindo sua popularidade e conexão cultural em diferentes regiões.
Uma Tradição Mexicana que Conquistou o Brasil
Originária do México, a poinsétia é usada há séculos como decoração natalina em seu país de origem. A planta conquistou espaço no mercado internacional, sendo amplamente adotada em países da Europa e América do Norte. No Brasil, a procura por essa flor cresceu significativamente nos últimos anos, especialmente durante os meses que antecedem o Natal.
Essa popularidade crescente é resultado de seu apelo visual e versatilidade. A poinsétia pode ser utilizada tanto em arranjos decorativos quanto como presente, tornando-se um item indispensável na composição de vitrines de shoppings, supermercados e decorações residenciais.
A História de Cornelius e o Cultivo em Paranapanema
O agricultor Cornelius, de origem holandesa, foi pioneiro no cultivo da poinsétia em Paranapanema. Ele iniciou sua produção pouco tempo após se estabelecer no Brasil em 1974. Sua propriedade é hoje uma das principais fornecedoras da planta na região.
A demanda por poinsétias começa a aumentar em agosto, quando grandes empresas, como shoppings e supermercados, fazem seus pedidos antecipados. Contudo, é nos meses de novembro e dezembro que o volume de vendas atinge seu pico, representando cerca de 90% do total de encomendas.
Os Desafios do Cultivo no Brasil
Embora a poinsétia tenha uma conexão histórica com o Natal, seu cultivo no Brasil apresenta desafios únicos. A planta floresce naturalmente em climas com dias curtos, como os do inverno no hemisfério norte. No entanto, no Brasil, o Natal ocorre no verão, época de dias mais longos e temperaturas elevadas.
Para contornar essas condições adversas, agricultores como Cornelius precisam investir em estufas e manejo especializado, garantindo que as plantas recebam o tratamento ideal para florescer na época festiva. Esse investimento não é pequeno e exige cuidado redobrado, especialmente porque o calor pode comprometer a qualidade das folhas e flores.
Neste ano, Cornelius adquiriu cerca de 300 mil mudas de poinsétias, incluindo variedades de folhas amarelas, que têm conquistado espaço no mercado devido à sua estética diferenciada. Apesar do aumento nas vendas e nos preços nos últimos dois anos, o lucro para os produtores diminuiu, reflexo do aumento dos custos de produção, como energia, insumos e mão de obra.
Impacto no Emprego e a Importância da Produção Local
A produção de poinsétias não só movimenta o mercado de flores como também gera empregos temporários no campo. Na propriedade de Cornelius, 28 funcionários são responsáveis por cuidar das plantas, sendo 10 trabalhadores temporários contratados exclusivamente para o período de maior demanda.
Esse reforço na mão de obra é essencial para atender à procura, mas também representa um custo adicional que os agricultores precisam equilibrar com os desafios de preço e logística.
Poinsétia: Um Símbolo do Natal e da Superação Agrícola
O cultivo da poinsétia em Paranapanema é um exemplo de como a agricultura pode se adaptar para atender às demandas do mercado, mesmo diante de condições climáticas desfavoráveis. A planta, que já é um ícone do Natal em diversos países, encontrou no Brasil um público que valoriza sua beleza e simbolismo.
A dedicação de agricultores como Cornelius reflete não apenas o compromisso com a produção de alta qualidade, mas também a resiliência do setor agrícola brasileiro. Apesar dos desafios, eles continuam a cultivar uma planta que, para muitos, simboliza o espírito do Natal e a renovação que a época traz.
Seja para decorar um ambiente ou presentear alguém especial, a poinsétia segue encantando brasileiros e colorindo as festas de fim de ano com seu vermelho vibrante — e, mais recentemente, com tons de amarelo, mostrando que tradição e inovação podem caminhar juntas.