Hoje, 11 de novembro, tem início a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) em Baku, Azerbaijão, marcando um novo ciclo de discussões para enfrentar a crise climática global. O evento busca reafirmar o compromisso dos países em manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris. Representando o Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin lidera a delegação, em substituição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está ausente por motivos de saúde.
O Desafio do Financiamento Climático
Para garantir uma transição global em direção a uma economia de baixo carbono, a necessidade de um financiamento anual de US$ 1 trilhão é cada vez mais evidente. Segundo o presidente do World Resources Institute (WRI), Aniruddha Dasgupta, é crucial que parte desse montante seja fornecida pelos países mais ricos aos menos desenvolvidos. O financiamento público e privado, dividido em US$ 500 bilhões cada, seria essencial para permitir que as nações em desenvolvimento participem da transição sem comprometer suas economias locais. Dasgupta enfatiza que este apoio financeiro não é apenas um ato de solidariedade, mas uma necessidade para a segurança climática global.
Planejamento Financeiro para o Futuro
A diretora de Clima, Economia e Finanças do WRI, Melanie Robinson, propõe que o financiamento seja gradual: US$ 200 bilhões até 2030 e US$ 400 bilhões até 2035, com parte desse financiamento em condições atrativas para os países que necessitam. Segundo Robinson, essa abordagem requer um forte compromisso dos países para promover políticas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas, com incentivo à participação do setor privado e ao desenvolvimento de políticas financeiras sustentáveis.
Ambições e Compromissos dos Países
Outro ponto crítico na COP29 é o alinhamento entre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e o financiamento climático. Segundo os especialistas, não é possível aumentar os compromissos sem o apoio financeiro adequado. Até agora, Brasil, Reino Unido, Emirados Árabes e Azerbaijão anunciaram que anteciparão suas metas de redução de emissões para 2035. Esta ação é vista como um marco importante para o fortalecimento da COP29, que poderá estabelecer uma nova geração de metas climáticas.
Incertezas na Liderança Global
O retorno de Donald Trump ao cenário político dos EUA cria incertezas sobre o compromisso dos Estados Unidos com o Acordo de Paris, após sua retirada em 2017. Embora a retirada oficial leve um ano, especialistas destacam que a participação dos EUA na COP29 ainda terá impacto nas negociações. Representando o país, John Podesta, conselheiro de política climática internacional, estará presente para liderar a delegação norte-americana.
Mudanças e Soluções para o Financiamento Climático
Há também discussões para incluir novas nações no grupo de financiadores do clima, além dos países tradicionalmente ricos. A China, Coreia do Sul, Singapura e os países do Golfo estão entre as nações consideradas economicamente capazes de contribuir. Especialistas defendem que é necessário mobilizar tanto o setor público quanto o privado e fortalecer instituições como os bancos multilaterais de desenvolvimento, que podem atrair investimentos para países em desenvolvimento. Para isso, políticas públicas que incentivem o investimento privado serão fundamentais.
Ausência de Lideranças Mundiais
Líderes importantes estarão ausentes da COP29, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente chinês Xi Jinping, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen. Mesmo assim, a expectativa é que a conferência avance nas discussões para uma ação climática mais robusta e colaborativa entre as nações, com foco na sustentabilidade e no compromisso compartilhado.
A COP29 em Baku representa uma oportunidade única para a comunidade global reafirmar sua responsabilidade climática, estabelecendo uma base para compromissos financeiros e estruturais que possibilitem um futuro sustentável e seguro.
