Na manhã de domingo (24), os participantes da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29), realizada em Baku, no Azerbaijão, anunciaram um acordo histórico. Até 2035, os países ricos deverão destinar US$ 300 bilhões por ano para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar e mitigar os impactos das mudanças climáticas. Apesar da conquista, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que esperava um desfecho mais ambicioso e reforçou a importância de cumprir o compromisso dentro do prazo e em sua totalidade.
Acordo gera críticas e desafios
Embora o acordo tenha sido celebrado como um passo importante, países mais vulneráveis às mudanças climáticas consideraram os valores insuficientes. Eles defendiam uma meta de US$ 1,3 trilhão anuais, muito acima do inicialmente proposto, que era de US$ 250 bilhões por ano. O novo acordo substituirá os US$ 100 bilhões anuais previstos para o período de 2020 a 2025, mas especialistas alertam que será necessário um esforço global muito maior. Estimativas indicam que entre US$ 5,1 e 6,8 trilhões serão necessários até 2030 para atender às demandas climáticas, com pelo menos US$ 455 a 584 bilhões anuais sendo cruciais apenas para adaptação.
Urgência de ações na “década crítica”
O texto final da COP29 enfatiza a necessidade de aumentar as ações climáticas nesta “década crítica” e reconhece um descompasso entre os recursos financeiros disponíveis e as necessidades reais. O documento destaca ainda a importância de reformar a arquitetura financeira global para eliminar barreiras enfrentadas por países em desenvolvimento, como custos elevados de capital e condições restritivas de acesso ao financiamento.
Segundo Guterres, 2024 foi marcado por recordes de temperatura e desastres climáticos, agravados pelas crescentes emissões de gases de efeito estufa. Ele alertou que muitos países em desenvolvimento estão sufocados por dívidas e carecem de recursos para se adaptar às mudanças climáticas e adotar energias renováveis.
Avanços no mercado de carbono
Outro marco da COP29 foi a definição das regras para um mercado global de carbono, apoiado pela ONU. O mecanismo permitirá o comércio de créditos de carbono, incentivando a redução de emissões e o investimento em projetos sustentáveis. Apesar do cenário geopolítico complexo, o consenso sobre esse tema foi considerado uma demonstração de que o multilateralismo ainda pode superar desafios significativos.
Brasil apresenta nova meta climática
O Brasil se destacou ao apresentar sua terceira geração de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), comprometendo-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 59% para 67% até 2035 e reafirmando a meta de neutralidade climática até 2050. O documento brasileiro detalha políticas públicas e ações setoriais para alcançar os objetivos estabelecidos.
Próxima COP será no Brasil
A COP30 já tem local definido: Belém, no estado do Pará, será sede da próxima conferência sobre mudanças climáticas em novembro de 2025. O evento será uma oportunidade para o Brasil consolidar seu protagonismo nas discussões climáticas globais.
A COP29 trouxe avanços significativos, mas reforçou a necessidade de acelerar o ritmo das ações climáticas globais. O desafio agora é garantir que as promessas sejam transformadas em realidade para limitar o aquecimento global a 1,5°C e proteger os mais vulneráveis.
