Em 2024, o planeta Terra registrou o ano mais quente desde 1850, conforme relatado em 10 de janeiro por diversas agências meteorológicas ao redor do mundo. Com um aumento significativo nas temperaturas, o recorde superou o limite de aquecimento global de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris, colocando em evidência a gravidade da crise climática.
Um Recorde Histórico
De acordo com os dados divulgados pelo Serviço de Mudança Climática Copernicus (UE), pelo Met Office (Reino Unido) e pela agência meteorológica do Japão, a temperatura média global em 2024 excedeu os níveis registrados no ano anterior, 2023. As análises apontaram um aquecimento global entre 1,53°C e 1,6°C acima da média pré-industrial.
Victor Gensini, cientista climático da Universidade do Norte de Illinois, destacou o significado do marco: “O limiar de 1,5°C não é apenas um número, é um alerta. Superá-lo, mesmo que temporariamente, evidencia o quão perto estamos de ultrapassar os limites críticos definidos no Acordo de Paris”.
Nos Estados Unidos, instituições como a NASA e a NOAA ainda estão finalizando seus levantamentos, mas cientistas já indicaram que os dados confirmam 2024 como o ano mais quente da história. Apesar das variações metodológicas, todas as análises convergem para um aumento sem precedentes das temperaturas globais.
Causas e Impactos do Aquecimento
O aumento na temperatura global foi atribuído, principalmente, à queima de combustíveis fósseis, que intensificou a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Além disso, o fenômeno climático El Niño contribuiu para o aquecimento, embora seu impacto tenha sido secundário.
O salto nas temperaturas de 2024 chamou atenção por sua magnitude: o aumento de 0,125°C em relação a 2023 foi muito maior do que os incrementos registrados em outros anos, que geralmente são medidos em centésimos de grau. Samantha Burgess, do Copernicus, enfatizou que os últimos 10 anos foram os mais quentes em 125 mil anos.
Os impactos já são perceptíveis em diversas regiões do globo. Em 2024, desastres climáticos causaram prejuízos estimados em US$ 140 bilhões. A América do Norte foi particularmente afetada por eventos extremos, como ondas de calor, tempestades e incêndios florestais. Kathy Jacobs, da Universidade do Arizona, observou que o aumento da temperatura global tem consequências devastadoras, incluindo danos econômicos, à saúde humana e aos ecossistemas.
Recordes e Alerta Climático
Um dos marcos mais alarmantes de 2024 foi registrado em 10 de julho, o dia mais quente da história, com uma temperatura média global de 17,16°C, segundo o Copernicus. Para Jennifer Francis, do Woodwell Climate Research Center, esses recordes são sinais de alerta que não podem ser ignorados. Ela alertou para o risco de que a população se torne insensível à urgência da crise climática diante de sua recorrência.
Limites Críticos e a Meta de 1,5°C
O limite de aquecimento de 1,5°C, estabelecido pelo Acordo de Paris, é considerado crucial para evitar catástrofes climáticas mais severas. Embora os cientistas reforcem que essa meta se refere a médias de longo prazo (cerca de 20 anos), o fato de o planeta ter ultrapassado temporariamente esse limite é motivo de grande preocupação.
Um relatório de 2018 da ONU destacou que manter o aquecimento abaixo de 1,5°C pode prevenir a extinção de recifes de corais, reduzir o derretimento das calotas polares e evitar que milhões de pessoas enfrentem condições extremas de vida.
Perspectivas para o Futuro
Apesar de uma possível redução nas temperaturas em 2025 devido à influência do fenômeno La Niña, cientistas alertaram que o rápido aquecimento dos oceanos continuará a agravar os desafios climáticos. Carlo Buontempo, diretor do Copernicus, destacou que a humanidade está enfrentando condições climáticas para as quais não está totalmente preparada.
Michael Mann, da Universidade da Pensilvânia, concluiu com um alerta: “Estamos colhendo as consequências de décadas de negligência ambiental”.
Conclusão
O ano de 2024 será lembrado como um marco na história do clima global. O recorde de temperaturas reforça a urgência de ações imediatas e ambiciosas para mitigar os impactos da crise climática. Enquanto cientistas e especialistas apontam para os riscos crescentes, o desafio de reverter essa trajetória exige esforços coletivos em escala global. O futuro do planeta depende de decisões tomadas hoje.