Preço do Café Dispara: Entenda as Razões por Trás do Aumento e as Perspectivas para o Futuro

O consumo de café é um hábito intrínseco ao cotidiano dos brasileiros. Entretanto, o aumento expressivo no preço do grão moído, que acumulou alta de quase 33% nos últimos 12 meses até novembro de 2024, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tem chamado atenção. O cenário de seca e altas temperaturas nas principais regiões produtoras foi determinante para essa alta, afetando a produtividade e os custos do produto que chega à mesa dos consumidores.

Neste artigo, vamos explorar os fatores que contribuíram para esse aumento, como o clima adverso, as condições logísticas, a dinâmica do mercado internacional e as perspectivas para os próximos anos.

O Impacto do Clima na Produção de Café

A seca e as altas temperaturas registradas no primeiro semestre de 2024 geraram condições extremas para as plantações de café, especialmente em estados produtores como Minas Gerais e São Paulo. Segundo especialistas, a falta de água causou um estresse significativo nas plantas, levando-as a “abortar” os frutos como mecanismo de sobrevivência.

Embora tenha chovido durante a florada — um período crucial para o desenvolvimento do grão —, o impacto negativo das altas temperaturas e a perda de folhas reduziram a capacidade das plantas de gerar uma boa safra. Muitos agricultores optaram por realizar uma poda drástica, chamada de “esqueletamento”, para priorizar a recuperação das árvores visando produções futuras.

De acordo com Renato Garcia Ribeiro, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mesmo lavouras irrigadas foram prejudicadas pela intensidade do calor. “A planta não conseguiu se desenvolver adequadamente, o que compromete não apenas a safra atual, mas também as futuras”, explica.

A Dinâmica do Mercado Internacional

O Brasil, maior produtor mundial de café arábica, enfrenta desafios não apenas por conta do clima adverso, mas também devido às tensões globais. As guerras no Oriente Médio, por exemplo, impactaram a logística de exportação, aumentando o custo dos contêineres e obrigando os exportadores a utilizarem rotas mais longas e caras. Esses fatores contribuem para encarecer o café tanto no mercado interno quanto externo.

Ademais, o Vietnã, principal produtor de café robusta, também enfrentou problemas climáticos, reduzindo a oferta dessa variedade. Isso levou a uma valorização do robusta, que chegou a ultrapassar o preço do arábica pela primeira vez em sete anos.

O Aumento do Consumo e a Expansão para Novos Mercados

Mesmo com os altos preços, o consumo de café continua em crescimento. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) mostram que o consumo interno aumentou 0,78% entre janeiro e outubro de 2024. Internacionalmente, mercados como a China estão ampliando suas importações, com taxas de crescimento anuais de cerca de 17%.

Esse aumento da demanda em mercados menos sensíveis a variações de preço, como países ricos e regiões da Ásia, reduz a disponibilidade de café para o mercado interno, pressionando ainda mais os preços.

Expectativas para os Próximos Anos

A perspectiva para o mercado de café não é otimista no curto prazo. Especialistas projetam que os preços continuem altos até 2026, devido à lenta recuperação das lavouras. O diretor executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, alerta que as condições climáticas de 2025 serão decisivas. “Se houver chuvas adequadas no início do ano, a safra de 2026 pode trazer alívio. Caso contrário, a tensão no mercado permanecerá”, afirma.

Para muitos agricultores, a aposta tem sido no conilon, variedade mais resistente a temperaturas elevadas. No entanto, sua produção ainda é limitada no Brasil, representando apenas 20% da área plantada.

Conclusão

O aumento expressivo nos preços do café é resultado de uma combinação de fatores climáticos, logísticos e de mercado. Enquanto a demanda segue alta, a oferta enfrenta desafios constantes, e o consumidor final sente os impactos no bolso. Até que as condições climáticas melhorem e as lavouras se recuperem, os brasileiros precisarão se adaptar à realidade de um café mais caro, mas ainda indispensável em suas rotinas.

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