Plasticultura na Agricultura: Sustentabilidade e Inovação

A plasticultura tem se consolidado como uma técnica eficiente na agricultura, oferecendo benefícios como a proteção das plantações, aumento da produtividade e redução da necessidade de agroquímicos. No entanto, o uso de plástico no campo, sem um manejo adequado, pode representar um grande desafio ambiental.

Diante desse cenário, pesquisadores do Centro de Engenharia da Plasticultura (CEP), com apoio da Fapesp e da Braskem, desenvolveram um sistema inovador de sensoriamento remoto para mapear áreas agrícolas que utilizam plasticultura. A solução utiliza aprendizado de máquina para analisar séries temporais de imagens de satélite, alcançando uma precisão próxima de 100% na identificação dessas áreas.

Detecção de Mulching e Sustentabilidade

Entre os focos da pesquisa está a detecção do mulching, técnica que emprega filmes de polietileno para controlar ervas daninhas, manter a umidade do solo e regular sua temperatura. Essa tecnologia garante que as plantas recebam luminosidade, água e nutrientes na medida certa. No entanto, como o material precisa ser substituído a cada safra, pode gerar impactos ambientais consideráveis.

Diferente das estufas agrícolas, que têm uma vida útil prolongada, o mulching entra em contato direto com o solo e, se descartado de forma inadequada, pode deixar resíduos plásticos na terra. O engenheiro agrícola ambiental Marlon Fernandes de Souza destaca que o descarte incorreto do plástico agrícola já é um problema crescente em algumas regiões. A pesquisa do CEP busca quantificar esses resíduos e sugerir estratégias para sua gestão sustentável.

Antes desse estudo, não havia um levantamento preciso das áreas que utilizam mulching no Brasil. Até mesmo a indústria carecia desses dados. Com o uso de imagens de satélite, os pesquisadores agora conseguem mapear essas áreas com precisão quase total, permitindo uma visão mais clara da extensão do problema.

Uso de Satélites para Monitoramento Sustentável

O uso de imagens de satélite para detectar plásticos já é comum em estudos ambientais sobre a poluição marinha. Segundo Souza, após o aquecimento global, a poluição plástica é um dos maiores desafios ambientais da atualidade. O projeto do CEP direciona esse tipo de tecnologia para o ambiente agrícola, buscando promover a circularidade dos plásticos na produção rural.

A pesquisa, publicada na revista científica Environmental Science and Pollution Research, representa um avanço importante na gestão de resíduos plásticos na agricultura brasileira. A metodologia desenvolvida pode contribuir significativamente para minimizar os impactos da degradação ambiental causados por esse tipo de resíduo.

Desafios da Logística Reversa para o Plástico Agrícola

Um dos grandes desafios para a correta destinação do plástico agrícola é a falta de infraestrutura para coleta e reciclagem, especialmente em regiões afastadas dos grandes centros. Em algumas localidades, as unidades de reciclagem mais próximas estão a mais de mil quilômetros de distância, tornando o transporte inviável economicamente.

O levantamento feito pelo CEP não se destina à coleta dos resíduos, mas oferece informações estratégicas para a implementação de sistemas eficientes de logística reversa. A partir dos dados coletados, pode-se avaliar a viabilidade da criação de usinas regionais de reciclagem ou a melhor forma de transportar os resíduos até centros especializados.

Sem um sistema estruturado para o descarte adequado, muitos produtores acabam acumulando plástico agrícola por anos ou optando por práticas inadequadas de descarte. O problema é mais grave entre os pequenos produtores, que não têm volume suficiente para negociar a coleta com recicladores. Já os grandes produtores conseguem organizar acordos de recolhimento diretamente com as empresas de reciclagem.

Políticas Públicas e Regulação

A pesquisa também pode contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a gestão eficiente do plástico agrícola. Uma solução seria criar um sistema de logística reversa semelhante ao Sistema Campo Limpo, que já é utilizado para a destinação correta de embalagens de defensivos agrícolas. Nesse modelo, os produtores devolvem as embalagens vazias ao adquirirem novos produtos.

A falta de regulamentação específica para o plástico agrícola é um dos entraves para a implementação de soluções mais eficazes. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já discute diretrizes para um uso mais responsável desse material, mas ainda não há normas claras nesse sentido.

Diante desse cenário, a pesquisa conduzida pelo CEP tem como objetivo fornecer informações precisas para embasar novas iniciativas e regulamentos. “Nosso foco é encontrar maneiras de utilizar esse material de forma sustentável, sem causar impactos ambientais negativos”, afirma Souza. A crescente discussão sobre o tema, incluindo debates em conferências da ONU, mostra que a preocupação com a poluição plástica na agricultura tende a ganhar cada vez mais relevância no futuro.

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