A alta no preço dos alimentos tem sido uma preocupação constante no Brasil, levando o governo federal a estudar diferentes estratégias para conter esse avanço. Entre as possibilidades consideradas estão a redução de taxas de importação, o diálogo com o setor supermercadista e o investimento em infraestrutura logística.
Propostas e divergências
Dentro do governo, algumas alas defendem medidas mais restritivas, como o aumento das taxas de exportação, com o objetivo de manter uma maior oferta de produtos no mercado interno. No entanto, essa ideia encontra forte resistência no setor agropecuário e, segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, é uma alternativa sem chances de avançar.
O ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, que enfrentou inflação extrema durante seu período no governo, alerta que soluções artificiais não são eficazes para conter a alta dos alimentos. Para ele, investimentos em infraestrutura são positivos, mas não apresentam resultados de curto prazo. Ele também critica propostas como a tributação das exportações, enfatizando a importância da competitividade do agronegócio brasileiro nos mercados internacionais.
O impacto da Lei Kandir e a oferta de alimentos
Turra ressalta que a Lei Kandir, que isenta produtos primários do ICMS na exportação, tem sido fundamental para a competitividade do setor agrícola brasileiro. Para ele, alterar essa política poderia prejudicar a economia, comprometendo a expansão do agronegócio e o equilíbrio do mercado.
Outra medida sugerida, a redução de impostos sobre importações, também é vista com ressalvas. Segundo o ex-ministro, tal iniciativa poderia acabar beneficiando produtores estrangeiros em detrimento dos agricultores brasileiros. Ele argumenta que a solução mais eficaz é estimular a produção doméstica e garantir condições favoráveis para os agricultores.
Incentivo à produção e segurança agrícola
Para estabilizar o preço dos alimentos, é essencial incentivar a produção e garantir que os produtores tenham segurança financeira. O seguro agrícola desempenha um papel vital nesse contexto, especialmente para agricultores afetados por eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Muitos produtores deixam de investir em novas safras por falta de garantias que os protejam contra perdas.
Garantir um seguro eficiente e acessível permite que os agricultores mantenham sua produção mesmo diante de desafios climáticos, evitando quedas abruptas na oferta de alimentos. Com isso, a lei da oferta e da demanda pode atuar de forma mais equilibrada, beneficiando tanto os produtores quanto os consumidores.
Conclusão
A alta dos alimentos é um desafio complexo que exige soluções sustentáveis e estruturais. Medidas que busquem equilibrar a oferta e a demanda, sem comprometer a competitividade do agronegócio, são fundamentais para garantir a estabilidade do setor e proteger os consumidores. O investimento em infraestrutura e a ampliação do seguro agrícola surgem como alternativas eficazes para enfrentar esse cenário, proporcionando um ambiente mais seguro para a produção e evitando soluções de curto prazo que podem gerar efeitos adversos.