“Me apaixonei pelo agronegócio.” É assim que Vanessa Bomm, arquiteta de formação e agora produtora de soja, define sua jornada. Natural de Palotina, no Paraná, Vanessa trocou a rotina entre projetos arquitetônicos e canteiros de obras pelo trabalho nas lavouras, mergulhando em um universo tradicionalmente masculino — algo que, para ela, nunca foi um obstáculo, já que também enfrentava esse cenário na construção civil.
Após 20 anos dedicados à arquitetura, Vanessa tomou a decisão de deixar a fita métrica de lado e assumir um novo desafio: as máquinas agrícolas. Foi há sete anos, ao aceitar o convite de seu pai para trabalhar na propriedade da família, em Terra Roxa (PR), que ela deu início a sua trajetória no agronegócio. Descendente de italianos do Rio Grande do Sul, Vanessa sempre manteve uma ligação com o campo, mas até então, essa relação era apenas emocional. Quando decidiu “ouvir o chamado”, ela sabia que estava começando um novo capítulo de sua vida.
O Ritmo e os Desafios do Campo
Desde então, Vanessa tem aprendido o funcionamento do agro e lidado com os desafios que ele apresenta. Apesar das adversidades climáticas e do solo, ela encontrou na sustentabilidade uma forma de transformar sua produção. “Adotamos práticas que ajudam a minimizar perdas e promover um sistema mais resiliente. Nem sempre alcançamos altos índices de produção, mas sabemos que práticas sustentáveis fazem a diferença para garantir resultados consistentes”, explica.
Entre as estratégias implementadas estão o plantio de cobertura e a diversificação de culturas, técnicas que têm mostrado resultados positivos. Essas práticas melhoram a qualidade do solo, ajudam na retenção de água e reduzem a erosão, contribuindo para um sistema agrícola mais robusto e sustentável.
Sustentabilidade no Agro
Vanessa também integra o Programa PRO Carbono, iniciativa da Bayer que busca promover a sustentabilidade no campo. A partir de ferramentas desenvolvidas em parceria com a Embrapa, a produtora adota tecnologias de baixa emissão e práticas voltadas ao sequestro de carbono, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a produção agrícola.
Ela destaca o papel do plantio de cobertura com culturas como aveia, nabo, sorgo e braquiária. Além de controlar pragas de forma natural, essas plantas protegem o solo, melhoram sua fertilidade e criam condições ideais para o desenvolvimento das lavouras. “São estratégias que ajudam a equilibrar produtividade com preservação ambiental”, diz Vanessa.
O Impacto da Inovação Tecnológica
Ao entrar no universo do agro, Vanessa também foi surpreendida pela dimensão do setor e pela crescente transformação tecnológica que ele vivencia. Ferramentas de agricultura digital, como o monitoramento de talhões, têm facilitado o manejo das lavouras, permitindo decisões mais assertivas e estratégias mais eficientes. “Foi uma mudança de paradigma. A tecnologia trouxe uma visão mais detalhada da nossa produção e me ajudou a otimizar cada etapa do processo”, comenta.
Reconhecimento e Inspiração
Em outubro de 2024, Vanessa foi reconhecida como um dos grandes nomes do setor ao conquistar o primeiro lugar no Prêmio Mulheres do Agro, na categoria Grande Propriedade. A premiação, que valoriza o papel feminino no agronegócio, celebra sua dedicação em unir tradição e inovação na lavoura, construindo um legado baseado em sustentabilidade e tecnologia.
Para Vanessa, o segredo do sucesso no agro está na adaptação: enfrentar os desafios climáticos e do solo com criatividade e responsabilidade. “O campo exige resiliência, mas também recompensa quem se dedica e busca sempre evoluir. Para mim, essa mistura de inovação e amor pela terra é o que faz tudo valer a pena”, conclui.
Vanessa Bomm é a prova de que a paixão pelo agro pode transformar vidas, e sua trajetória serve de inspiração para muitas outras mulheres que desejam conquistar seu espaço no campo.