Os constantes atrasos e alterações nas escalas dos navios destinados à exportação de café, além das recorrentes rolagens de cargas, resultaram na não exportação de 672.113 sacas de 60 kg (o equivalente a 2.037 contêineres) em janeiro de 2025. De acordo com um levantamento realizado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que engloba 23 empresas responsáveis por 65% dos embarques do país, os gargalos logísticos nos portos brasileiros continuam gerando prejuízos significativos para os exportadores.
Impacto Financeiro dos Atrasos
A ineficiência logística resultou em perdas de aproximadamente R$ 6,134 milhões apenas em janeiro deste ano e um montante acumulado de R$ 57,7 milhões desde junho de 2024, quando o Cecafé iniciou o monitoramento. Esses custos extras incluem despesas com armazenagem prolongada, taxas de detenção, pré-stacking e antecipação de gates, tornando a situação ainda mais onerosa para o setor cafeeiro.
Além disso, levando em consideração o preço médio Free on Board (FOB) de US$ 336,33 por saca de café verde e a cotação média do dólar a R$ 6,0212 em janeiro, o Brasil deixou de arrecadar cerca de US$ 226,05 milhões (aproximadamente R$ 1,361 bilhão) em receitas de exportação. Esse impacto se reflete diretamente na menor receita repassada aos produtores, prejudicando a cadeia produtiva do café.
Fluxo de Exportação e a Entressafra
Segundo o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, do volume total de 1,8 milhão de sacas que estavam paradas nos portos até dezembro de 2024, cerca de 1,2 milhão conseguiu ser exportada em janeiro. Isso ajudou a elevar o volume total exportado no mês para 3,9 milhões de sacas.
“O café represado nos portos até dezembro está sendo liberado gradualmente devido ao período de entressafra, que reduz a oferta disponível. Vale lembrar que o Brasil bateu o recorde de 50,5 milhões de sacas exportadas em 2024. Apesar de uma leve melhora no cenário logístico em janeiro, a situação ainda é desafiadora. Os custos extras continuam elevados e essa percepção de melhora deve durar até a chegada da nova safra”, explicou Heron.
Necessidade de Ações Urgentes
Embora os investimentos anunciados para modernização dos portos sejam positivos para o comércio exterior, Heron ressalta que os efeitos dessas melhorias só serão percebidos no longo prazo. Diante disso, ele defende a implementação de medidas ágeis e eficazes para evitar que os problemas logísticos continuem impactando negativamente o agronegócio brasileiro.
“A infraestrutura portuária do país precisa de ações céleres e urgentes para evitar que o setor cafeeiro continue enfrentando essas dificuldades. A exportação é um pilar essencial para a economia nacional, e garantir a fluidez do escoamento da produção é fundamental para manter a competitividade do Brasil no mercado global”, concluiu Heron.
O Futuro da Exportação de Café
Com desafios persistentes na logística portuária, os exportadores de café seguem pressionando por soluções que minimizem os prejuízos e garantam maior eficiência nos embarques. Enquanto os investimentos em infraestrutura não geram resultados concretos, o setor aguarda medidas emergenciais que possam aliviar as dificuldades enfrentadas e assegurar um fluxo contínuo das exportações.
