O Brasil alcançou um marco histórico em 2024 ao exportar 50,443 milhões de sacas de café para 116 países, um aumento significativo de 28,5% em comparação ao ano anterior. Esse volume também superou o recorde anterior, registrado em 2020, em 12,8%, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Tal desempenho foi impulsionado pelos expressivos embarques de café arábica, que registraram crescimento de 20%, e de café canéfora, com um impressionante aumento de 98%.
Volume e Receita: Uma Safra Recordista
Durante a safra 2024/25, no período de julho a dezembro, o Brasil exportou 26,049 milhões de sacas, gerando uma receita de US$ 7,165 bilhões. Este montante é o maior já registrado para o período na história do setor cafeeiro. Embora tenha ocorrido uma queda de 8,1% no volume exportado em dezembro, o valor obtido nesse mês atingiu US$ 1,145 bilhão, representando um salto de 42,2% em comparação a dezembro de 2023.
Os cafés diferenciados, conhecidos por sua qualidade superior ou por serem certificados em práticas sustentáveis, também tiveram um papel fundamental nesse crescimento. Esses produtos representaram 18,1% das exportações totais, somando 9,141 milhões de sacas, um aumento de 31,2%. A receita gerada pelos cafés diferenciados foi de US$ 2,535 bilhões, um impressionante crescimento de 59,9% em relação ao ano anterior.
Destinos: Para Onde Vai o Café Brasileiro?
Os Estados Unidos se mantiveram como o principal mercado consumidor do café brasileiro em 2024, importando 8,131 milhões de sacas, um aumento de 34%. A Alemanha ficou em segundo lugar, com 7,590 milhões de sacas (+51,3%), seguida pela Bélgica, que adquiriu 4,348 milhões de sacas, um crescimento expressivo de 96,4%.
O mercado asiático também apresentou desempenho notável. A China, por exemplo, registrou um aumento de 364,8% nas importações de café brasileiro, consolidando-se como um mercado emergente promissor. Em termos de blocos econômicos, a União Europeia permaneceu como o principal destino das exportações, respondendo por 46,8% do volume total, com 23,612 milhões de sacas (+42,8%). O Tratado de Associação Transpacífico (TPP) e os países árabes também se destacaram, com aumentos de 37% e 31,5%, respectivamente.
Desafios Logísticos: Um Obstáculo a Ser Superado
Apesar dos resultados recordes, o setor enfrentou desafios significativos relacionados à logística portuária no Brasil. Entre janeiro e novembro de 2024, um total de 4.895 contêineres, contendo 1,615 milhão de sacas de café, ficaram retidos nos portos do país. Esses atrasos resultaram em prejuízos estimados em R$ 42,332 milhões para 27 empresas associadas ao Cecafé, devido a custos extras e alterações de escala.
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, destacou que, mesmo diante desses entraves, o setor demonstrou resiliência e capacidade de adaptação. Ele também enfatizou que o crescimento no segmento de cafés diferenciados e os embarques recordes reforçam o papel do Brasil como líder global em exportações cafeeiras.
Sustentabilidade e Qualidade: Aposta no Futuro
O desempenho do Brasil em 2024 vai além dos números expressivos. O país também consolidou sua posição como fornecedor de produtos de alta qualidade e comprometidos com práticas sustentáveis. Esse diferencial tem atraído mercados exigentes e consumidores conscientes, que valorizam não apenas o sabor e a qualidade do café, mas também os impactos positivos no meio ambiente e nas comunidades envolvidas na produção.
Em resumo, 2024 foi um ano histórico para o café brasileiro. Apesar dos desafios logísticos, o setor conseguiu superar barreiras, quebrar recordes e abrir novas frentes de mercado. Com uma combinação de volume, qualidade e sustentabilidade, o Brasil continua a consolidar sua posição como o maior exportador de café do mundo e como uma referência global no setor.