Em 2024, o Brasil alcançou a marca da segunda melhor colheita de trigo de sua história, registrando impressionantes oito milhões de toneladas. Esse resultado reflete o empenho do setor agrícola em aumentar a produção de um cereal essencial para o consumo nacional e internacional. Apesar do êxito na colheita, o país ainda enfrenta desafios significativos em relação à autossuficiência e à dependência de importações.
Movimentação do Trigo: Produção, Exportações e Importações
O mercado de trigo no Brasil é caracterizado por uma dinâmica intensa de importações e exportações. Em 2024, foram movimentadas 9,48 milhões de toneladas, somando o cereal produzido internamente e aquele adquirido no mercado externo. No entanto, o consumo interno, que varia entre 12 e 13 milhões de toneladas, evidencia uma lacuna significativa entre o que é produzido e o que é demandado pela indústria e pelos consumidores brasileiros.
Um dado preocupante é o aumento expressivo nas importações de trigo. No ano passado, o Brasil comprou 6,65 milhões de toneladas de trigo do exterior, um salto de 59% em relação a 2023, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Por outro lado, as exportações também tiveram um desempenho notável, alcançando 2,83 milhões de toneladas, um crescimento de 20,4% em relação ao ano anterior. Esses números mostram como o Brasil ocupa uma posição tanto de importador quanto de exportador relevante no mercado global de trigo.
Os Desafios para 2025: Reduzir a Dependência de Importações
Para 2025, a expectativa é de, no mínimo, repetir os bons resultados obtidos em 2024. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma produção equivalente a oito milhões de toneladas, mas esse volume ainda não é suficiente para atender à demanda interna.
Giovani Ferreira, diretor do Canal Rural Sul, destaca que aumentar a produção é apenas parte da solução. Segundo ele, a qualidade do trigo produzido também precisa ser aprimorada para reduzir a dependência de importações. “Precisamos do trigo tipo pão, ou seja, não adianta aumentar a produção sem trabalhar aspectos como a genética e a biotecnologia, que são essenciais para melhorar a qualidade do cereal”, afirma.
A Importância da Qualidade na Produção de Trigo
O trigo tipo pão, com características ideais para panificação e produção de alimentos industrializados, é um dos grandes desafios para a agricultura brasileira. Investir em pesquisa e desenvolvimento é crucial para garantir que o trigo nacional atenda aos padrões exigidos pelo mercado. Isso inclui avanços na biotecnologia, na seleção de sementes e nas práticas agrícolas sustentáveis.
Por outro lado, aumentar a produtividade sem comprometer a qualidade do solo e do meio ambiente também é uma prioridade. A sustentabilidade é um fator que está cada vez mais no centro das decisões do setor agropecuário, alinhando-se às demandas globais por uma agricultura mais responsável.
Oportunidades no Mercado Internacional
Embora o Brasil ainda dependa de importações para suprir sua demanda interna, o país tem mostrado seu potencial como exportador. A ampliação das exportações em 2024 demonstra que há um mercado internacional interessado no trigo brasileiro, o que pode abrir novas oportunidades para o agronegócio. Entretanto, para conquistar uma posição de destaque no mercado global, é fundamental que o país invista continuamente na qualidade e na competitividade de sua produção.
Considerações Finais
A segunda melhor colheita de trigo da história do Brasil é um marco importante, mas também ressalta os desafios que ainda precisam ser superados. Aumentar a produção, reduzir a dependência de importações e investir na qualidade do cereal são passos fundamentais para fortalecer o setor de trigo no país.
Com as perspectivas positivas para 2025, o Brasil tem a chance de consolidar avanços importantes na produção de trigo, contribuindo para a segurança alimentar e para o crescimento do agronegócio. Resta agora ao setor unir esforços em pesquisa, inovação e boas práticas para tornar essa visão uma realidade.