A recente decisão do governo federal de adotar medidas para conter a alta dos preços dos alimentos gerou críticas da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Em nota oficial divulgada nesta sexta-feira (7), a entidade classificou as ações como “pontuais e ineficazes”, argumentando que o principal fator que impacta os custos de produção não é a oferta de alimentos, mas sim o desequilíbrio fiscal do país.
Medidas Anunciadas pelo Governo
Entre as ações divulgadas pelo governo está a isenção de tarifas de importação para diversos produtos, como carne, café, açúcar, milho, óleo de girassol, óleo de palma, sardinha e massas alimentícias. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, essas medidas fazem parte de um pacote estratégico para reduzir os preços dos alimentos ao consumidor final.
No entanto, a FPA contesta essa abordagem, argumentando que a real redução da inflação só será sentida com a colheita da safra brasileira nos próximos meses. Para os parlamentares do setor agropecuário, a solução não está em repassar aos produtores rurais os impactos do desajuste fiscal, mas sim em estruturar medidas que promovam estabilidade econômica e produtiva.
Falta de Incentivo à Produção Nacional
Um dos principais pontos de crítica da FPA é o fato de o governo ter optado por zerar impostos de importação sem garantir incentivos adequados à produção nacional. Para a entidade, em vez de facilitar a entrada de produtos estrangeiros, seria mais eficaz implementar políticas de crédito e financiamento que beneficiem diretamente os produtores brasileiros.
Diante desse cenário, a FPA defende o início das tratativas para o Plano Safra 2025/26, garantindo recursos suficientes, taxas de juros adequadas e acesso facilitado ao crédito para os produtores rurais. Além disso, o setor agropecuário ainda aguarda um posicionamento oficial do governo sobre propostas estruturantes de curto e médio prazo, apresentadas pelo segmento em janeiro ao Ministério da Fazenda e à Casa Civil.
Outras Iniciativas do Governo
Além da isenção tarifária, o governo também anunciou a ampliação do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA). Essa medida permitirá que produtos como leite, mel, ovos e carnes, inspecionados em estados e municípios, sejam comercializados em todo o território nacional. A meta é expandir o número de registros no sistema de 1.550 para 3.000, buscando aumentar a competitividade e reduzir os custos na cadeia de produção de proteína animal.
Embora essas iniciativas sejam vistas como avanços pontuais, o setor agropecuário segue cobrando soluções mais abrangentes e um diálogo mais efetivo com o governo. Para os produtores, garantir estabilidade econômica e segurança para o agronegócio nacional é fundamental para o desenvolvimento sustentável do setor e para manter a competitividade do Brasil no mercado global.