O mercado brasileiro de trigo segue operando em um ritmo desacelerado, refletindo uma série de fatores que impactam tanto a comercialização interna quanto a necessidade de importações. Atualmente, a base de compra no Paraná está em torno de R$ 1.500 por tonelada, enquanto no Rio Grande do Sul os valores giram em torno de R$ 1.350.
De acordo com o analista da Safras & Mercado, Elcio Bento, houve um registro de negócios de pequeno volume, com saída do mercado gaúcho para outro estado a um valor de R$ 1.320 por tonelada no FOB interior. Esse cenário revela uma cautela por parte dos produtores, que buscam alinhar seus preços ao custo das aquisições internacionais, uma vez que o Brasil continua fortemente dependente das importações para suprir a demanda interna.
Exportações e Importações de Trigo no Brasil
Dados recentes da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) mostram que o Brasil deve embarcar aproximadamente 553,7 mil toneladas de trigo ao longo de fevereiro. Para efeito de comparação, no mesmo mês do ano passado, as exportações totalizaram 538,4 mil toneladas. Já em janeiro deste ano, os embarques alcançaram 657,7 mil toneladas.
No acumulado da temporada 2024/2025, que se estende de agosto a fevereiro, as importações brasileiras de trigo devem atingir 3,9 milhões de toneladas. No entanto, para garantir o abastecimento total estimado em 6,85 milhões de toneladas, o país precisará importar cerca de 2,94 milhões de toneladas nos próximos cinco meses. Durante o mesmo período da temporada anterior, foram adquiridas 2,87 milhões de toneladas, reforçando a necessidade de continuar buscando o cereal no mercado externo.
Cenário Internacional: Impactos na Bolsa de Chicago
O mercado global de trigo também enfrenta desafios, refletidos nos preços praticados na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), que encerraram em queda significativa. Um dos principais fatores para essa retração foi o movimento de realização de lucros por parte dos investidores no fechamento do mês. Além disso, a expectativa em torno da implementação das tarifas dos Estados Unidos contra México e Canadá pode desencadear retaliações comerciais, afetando a demanda global por commodities agrícolas americanas.
Outro fator que contribuiu para a desvalorização do trigo em Chicago foi a melhoria das condições climáticas no Hemisfério Norte, que impacta as projeções de oferta da próxima safra. A valorização do dólar também influenciou o cenário, tornando as commodities mais caras para compradores internacionais.
Os investidores seguem atentos ao Fórum Anual do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que trará as primeiras estimativas de oferta e demanda para a próxima safra. As projeções do USDA devem fornecer um direcionamento mais claro para o mercado global de trigo nas próximas semanas.
Preços Futuros do Trigo
Os contratos de trigo com entrega para maio de 2025 fecharam a US$ 5,79 3/4 por bushel, representando uma queda de 8 centavos de dólar, ou 1,36%, em relação ao pregão anterior. Já os contratos com vencimento em julho de 2025 encerraram a US$ 5,93 3/4 por bushel, recuando 8,50 centavos de dólar, o equivalente a 1,41%.
Conclusão: O Que Esperar do Mercado de Trigo?
O mercado brasileiro de trigo continua enfrentando um cenário desafiador, com negociações travadas e uma forte dependência das importações para atender à demanda interna. No cenário internacional, fatores como a valorização do dólar, as condições climáticas favoráveis no Hemisfério Norte e as possíveis tensões comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais devem continuar influenciando os preços da commodity.
Os próximos meses serão cruciais para determinar como o Brasil conseguirá equilibrar sua oferta interna com as necessidades de importação. O acompanhamento das tendências globais e das políticas comerciais será fundamental para produtores, compradores e investidores que atuam no setor.