O mercado físico do boi gordo registrou uma queda nos preços ao longo da última semana nas principais regiões produtoras e comerciais do país. Esse movimento é influenciado por diversos fatores, incluindo a oferta de fêmeas e a pressão exercida pela indústria frigorífica sobre as negociações.
Oferta de Fêmeas e Impacto na Indústria
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, a disponibilidade de fêmeas para abate tem sido um fator determinante para a redução dos preços. Esse cenário foi especialmente relevante na Região Norte, contribuindo para um efeito cascata que impactou os valores em outras regiões com abates significativos.
Mesmo com esse panorama de queda, as exportações de carne bovina continuam desempenhando um papel fundamental na sustentação dos preços, evitando recuos ainda mais expressivos. No curto prazo, a tendência é que esse comportamento se mantenha, acompanhando o ritmo das escalas de abate e a oscilação dos preços da carne no mercado atacadista.
Demanda Interna e Pressão da Indústria
Outro fator que influencia esse cenário é a fraqueza da demanda doméstica por carne bovina. Conforme aponta Iglesias, as indústrias frigoríficas continuam pressionando o mercado, estratégia que deve se prolongar no curto prazo.
Variação nos Preços da Arroba do Boi Gordo
Em 20 de fevereiro, os preços médios da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização apresentaram as seguintes variações em relação ao dia 14 do mesmo mês:
- São Paulo: R$ 315,33 (queda de 0,88% em relação a R$ 318,15)
- Goiás: R$ 298,57 (-0,53% em comparação a R$ 300,18)
- Minas Gerais: R$ 305,59 (-1,12% em relação a R$ 307,35)
- Mato Grosso do Sul: R$ 304,43 (-1,72% frente a R$ 309,77)
- Mato Grosso: R$ 305,07 (-3,73% em relação a R$ 316,92)
Exportações de Carne Bovina Crescem
Mesmo com a queda no mercado interno, o Brasil segue forte no comércio internacional de carne bovina. Em fevereiro, nos primeiros 10 dias úteis, as exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada geraram um total de US$ 494,078 milhões, com uma média diária de US$ 49,407 milhões, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
No período, o volume total exportado foi de 99,848 mil toneladas, com média diária de 9,984 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 4.948,30.
Comparando com janeiro de 2024, observou-se:
- Crescimento de 16,1% no valor médio diário das exportações;
- Aumento de 6,2% na quantidade média diária exportada;
- Alta de 9,3% no preço médio da tonelada.
Conclusão
O mercado do boi gordo segue pressionado por uma oferta elevada de fêmeas e pela baixa demanda interna, resultando na queda dos preços. No entanto, o setor de exportação tem se mostrado um ponto de equilíbrio, garantindo que as reduções não sejam ainda mais acentuadas. O comportamento do mercado nos próximos meses dependerá da capacidade de recuperação da demanda interna e da continuidade da alta nas exportações, fatores que podem redefinir a dinâmica dos preços no setor pecuário brasileiro.