Os Estados Unidos deram um novo passo em sua política comercial ao anunciarem medidas que podem impactar o comércio global. O presidente Donald Trump assinou, no dia 13, um memorando determinando a aplicação de novas tarifas para as importações, equiparando-as às cobradas dos exportadores americanos. A decisão levanta preocupações sobre uma possível escalada na guerra comercial entre nações. Um dos exemplos citados pela Casa Branca foi o etanol brasileiro.
O Impacto da Nova Política Comercial
De acordo com informações divulgadas pelo jornal Washington Post, Trump mencionou que seu governo busca expandir a exportação de produtos americanos como automóveis para a Europa, motocicletas para a Índia e carne e laticínios para o Brasil. No caso do etanol, os EUA aplicam uma tarifa de apenas 2,5% sobre o produto importado, enquanto o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol americano.
Essas diferenças tarifárias têm gerado um desequilíbrio comercial. Em 2024, os Estados Unidos importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto suas exportações para o mercado brasileiro totalizaram apenas US$ 52 milhões. Os EUA foram o segundo maior comprador do etanol brasileiro, ficando atrás apenas da Coreia do Sul. No entanto, observa-se uma redução significativa nas compras nos últimos anos. Em 2019, os EUA haviam importado 1,1 bilhão de metros cúbis de etanol do Brasil, representando 63% do total exportado pelo país. Em 2024, esse volume caiu para 309,7 milhões de metros cúbis, ou 16,3% do total.
A Disputa Entre Brasil e EUA pelo Etanol e o Açúcar
A questão tarifária tem sido um ponto de atrito entre os produtores de etanol dos dois países. Durante o governo Bolsonaro, em 2022, a taxa de importação para o etanol americano foi zerada, mas no atual governo Lula, a tarifa foi restabelecida. Como resposta, o Brasil tem buscado aumentar o acesso do açúcar brasileiro ao mercado dos EUA, que atualmente impõe limites anuais para essa exportação.
O governo brasileiro indicou que está disposto a negociar uma solução com os Estados Unidos, similar ao que ocorreu após o anúncio da sobretaxa de 25% sobre o aço e o alumínio por parte de Trump.
Possíveis Consequências das Novas Tarifas
As novas tarifas, que serão definidas após um estudo do Departamento de Comércio dos EUA e entrarão em vigor em 2 de abril, eliminam as vantagens que mantinham os preços de importação mais baixos. Dessa forma, consumidores americanos podem enfrentar aumentos nos preços de produtos importados.
Questionado sobre esse impacto, Trump reconheceu que os preços podem subir “um pouco no curto prazo”, mas garantiu que a tendência é de estabilização. “É justo para todos”, afirmou o presidente.
O cenário que se desenha reforça o temor de uma escalada nos conflitos comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros econômicos, com possíveis retaliações por parte de países afetados pelas novas medidas.
