O mercado brasileiro de boi gordo iniciou o ano com valorização na arroba, refletindo um cenário de exportações aquecidas e oferta restrita. No entanto, ao longo de janeiro, as cotações sofreram ajustes, especialmente na segunda quinzena, com a demanda interna demonstrando sinais de enfraquecimento.
Oscilações nos Preços ao Longo de Janeiro
De acordo com especialistas do setor, os primeiros quinze dias do mês foram marcados por preços firmes, impulsionados pelo bom desempenho das exportações e pela oferta limitada de animais para abate. No entanto, na segunda metade de janeiro, a dinâmica do mercado mudou. Mesmo com a continuidade da oferta restrita, a demanda por carne bovina no atacado recuou, impactando os preços dos cortes, principalmente os do traseiro.
A expectativa agora está voltada para fevereiro, período em que a entrada de salários na economia pode favorecer a retomada da demanda e, consequentemente, uma possível recuperação nos preços. Ainda assim, a projeção é cautelosa, pois os frigoríficos podem continuar testando valores mais baixos para manter a competitividade. O principal fator para uma recuperação mais consistente continua sendo o desempenho das exportações, que precisam manter um ritmo elevado.
Variação dos Preços da Arroba do Boi Gordo
No dia 30 de janeiro, os preços médios da arroba do boi gordo a prazo registraram altas em diversas regiões do Brasil:
- São Paulo (Capital): R$ 330 (+3,77% em relação a dezembro, que fechou em R$ 318);
- Goiás (Goiânia): R$ 315 (+3,28% frente aos R$ 305 do final de 2024);
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 320 (+4,92% comparado aos R$ 305 registrados anteriormente);
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 325 (+3,17% em relação aos R$ 315 do final do ano);
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 320 (+6,67% frente aos R$ 300 do final de dezembro);
- Rondônia (Vilhena): R$ 290 (+3,57% em relação aos R$ 280 do mês anterior).
Essas variações refletem a combinação entre oferta restrita e flutuações na demanda ao longo do mês.
Cenário do Mercado Atacadista
O setor atacadista apresentou um cenário de preços mais baixos em janeiro. Segundo analistas, essa queda está diretamente ligada ao período de descapitalização das famílias, característico do início do ano, que reduz a demanda por carne bovina.
- Quarto dianteiro do boi: R$ 18 por quilo (-10,89% em relação aos R$ 20,20 registrados em dezembro);
- Quarto traseiro do boi: R$ 25,50 por quilo (-4,49% frente aos R$ 26,70 praticados no final do ano passado).
A queda nos preços do atacado reforça o impacto da menor demanda interna, apesar da oferta reduzida no mercado.
Exportações de Carne Bovina em Alta
O desempenho das exportações brasileiras de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada se manteve positivo em janeiro. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o setor movimentou US$ 722,016 milhões ao longo do mês, com uma média diária de US$ 42,471 milhões.
Os embarques totalizaram 143,817 mil toneladas, resultando em uma média diária de 8,430 mil toneladas, com o preço médio da tonelada ficando em US$ 5.037,90.
Comparado ao mesmo período de 2024, os números mostram um avanço significativo:
- Valor médio diário das exportações: +13,7%;
- Quantidade média diária exportada: +2,1%;
- Preço médio da tonelada: +11,4%.
Esse desempenho reforça a importância do mercado externo para o setor e pode ser um fator determinante para a manutenção de preços firmes no mercado interno.
Conclusão
O mercado do boi gordo começou o ano com forte valorização na arroba, mas os ajustes na segunda metade de janeiro trouxeram desafios para o setor. A recuperação dos preços dependerá, em grande parte, do comportamento da demanda interna em fevereiro e da continuidade das exportações em ritmo elevado.
Com o cenário ainda indefinido, os pecuaristas devem ficar atentos às movimentações do mercado e buscar estratégias para garantir a rentabilidade da produção, especialmente em um momento de transição econômica e ajustes de demanda.
