O mercado brasileiro de boi gordo apresentou sinais de estabilidade nos preços da arroba em diversas praças de comercialização ao longo da última semana. Segundo o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, essa acomodação está relacionada ao enfraquecimento dos preços da carne bovina no mercado interno. “A demanda atual está direcionada para proteínas de menor valor agregado, considerando o padrão de consumo do período. Entretanto, as exportações em alto nível e as escalas de abate reduzidas continuam sendo fatores importantes que ajudam a sustentar os preços internos”, avalia Iglesias.
Panorama dos Preços da Arroba
No dia 23 de janeiro, os preços da arroba do boi gordo para pagamento a prazo nas principais praças do país apresentaram o seguinte comportamento:
- São Paulo (capital): R$ 335,00 – Estável em relação à semana anterior.
- Goiás (Goiânia): R$ 325,00 – Sem alterações frente à semana passada.
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 325,00 – Crescimento de 1,56% em relação aos R$ 320,00 registrados anteriormente.
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 330,00 – Estabilidade em relação à última semana.
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 320,00 – Sem variações.
- Rondônia (Vilhena): R$ 295,00 – Mantendo o mesmo nível da semana anterior.
No atacado, os preços também permaneceram acomodados durante a semana. De acordo com Iglesias, há indícios de que as cotações possam recuar no curto prazo, especialmente nos cortes do traseiro bovino, devido ao padrão de consumo observado nos primeiros meses do ano.
Preferência por Proteínas de Menor Valor Agregado
Um dos fatores que impactam diretamente o mercado de carne bovina é a preferência da população por proteínas de menor custo, como carne de frango, embutidos e ovos. Essa tendência ganha força no início do ano, quando os consumidores tendem a buscar alternativas mais acessíveis para atender ao orçamento.
No mercado atacadista, o quarto dianteiro do boi foi cotado a R$ 18,50 por quilo, mantendo o mesmo valor da semana passada. Por outro lado, o quarto traseiro registrou uma leve queda de 1,89%, passando de R$ 26,50 para R$ 26,00 por quilo.
Destaque para as Exportações
Apesar do cenário desafiador no mercado interno, as exportações de carne bovina brasileira continuam em alta. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em janeiro (considerando 12 dias úteis), o Brasil exportou 112,731 mil toneladas de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada. Isso resultou em uma receita de US$ 568,186 milhões, com uma média diária de US$ 47,348 milhões.
O preço médio da tonelada exportada ficou em US$ 5.040,20. Em comparação com janeiro de 2024, houve um aumento de 26,8% no valor médio diário das exportações, um crescimento de 13,8% na quantidade média diária exportada e um avanço de 11,4% no preço médio da tonelada.
Perspectivas para o Setor
O mercado de boi gordo no Brasil enfrenta um equilíbrio delicado entre os desafios internos e as oportunidades externas. Enquanto o consumo interno se volta para proteínas mais acessíveis, as exportações seguem como um importante pilar de sustentação para os preços. Além disso, o curto prazo exige atenção às dinâmicas de mercado, como a evolução das escalas de abate e a tendência de consumo em diferentes regiões do país.
Os produtores e agentes do setor devem estar atentos aos desdobramentos tanto no mercado interno quanto no externo para traçar estratégias eficientes e garantir a competitividade em um cenário que segue desafiador, mas com boas oportunidades para aqueles que se adaptarem às condições de mercado.