O projeto RePlanta Agave, uma iniciativa inovadora desenvolvida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com o Governo da Bahia, deu um passo significativo em sua jornada. A nova fase, focada no mapeamento e cadastro de produtores de sisal (Agave sisalana), promete transformar a cadeia produtiva dessa planta, conhecida tanto como matéria-prima para tequila quanto pela versatilidade na produção de etanol. Com isso, o RePlanta Agave busca consolidar uma rede de agricultores qualificados para impulsionar o uso do agave como fonte de biocombustível.
Objetivo e Investimentos do RePlanta Agave
O propósito central do projeto é otimizar as condições de plantio, colheita e aproveitamento dos resíduos da produção de fibra de sisal, uma planta suculenta típica de regiões semiáridas. Para isso, a ABDI e o Governo da Bahia anunciaram um investimento robusto de R$ 2,6 milhões em ações voltadas ao fortalecimento da cadeia produtiva, promovendo inovação e sustentabilidade.
Segundo Perpétua Almeida, diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, o projeto está alinhado com os pilares da Nova Indústria Brasil (NIB) e visa criar impacto direto na economia local. “O RePlanta Agave promove a transição energética, fortalece a cadeia produtiva do sisal na Bahia e gera renda, empregos e sustentabilidade, transformando a economia local”, destaca a executiva.
Mapeamento de Agricultores: Um Passo Estratégico
Entre janeiro e março de 2025, a Associação dos Agricultores e Agricultoras de Serrinha (Apaeb Serrinha) será a responsável por mapear e cadastrar pelo menos 400 agricultores na região semiárida baiana, que abrange 21 municípios. Essa etapa faz parte de um edital público que busca identificar produtores interessados em integrar essa cadeia produtiva sustentável.
Após o cadastro, os agricultores serão organizados em turmas de 20 participantes por localidade. Cada grupo passará por uma capacitação técnica que abordará desde a preparação do solo e a semeadura até o manejo, a colheita, o armazenamento e a comercialização dos produtos agrícolas. Esse suporte técnico é essencial para garantir a adoção de práticas modernas e eficientes, além de aumentar a competitividade no mercado.
Sisal e Biocombustíveis: Potencializando o Semiárido
O sisal, conhecido por sua fibra rígida amplamente utilizada em cordas, tapetes e outros materiais, tem muito mais a oferecer além de sua aplicação tradicional. A biomassa residual, anteriormente descartada, tem se mostrado uma fonte valiosa para a produção de bioetanol de 1ª e 2ª geração, ampliando as possibilidades econômicas dessa planta.
Além do bioetanol, o agave também pode ser convertido em outros produtos sustentáveis, como bioinseticidas, bioherbicidas, ração animal, biometano, biohidrogênio verde, biochar (carvão vegetal usado para correção de solo) e até componentes plásticos para a indústria automotiva. A estruturação de indústrias locais para aproveitar esse potencial é uma das metas principais do projeto.
O Brasil e o Mercado de Sisal
Hoje, o Brasil ocupa o posto de maior produtor de fibra de sisal do mundo, com destaque para a Bahia, que responde por 90% da produção nacional. A agricultura familiar é a base desse mercado, o que reforça a relevância de projetos como o RePlanta Agave para proporcionar melhorias nas condições de trabalho, acesso à tecnologia e oportunidades de comercialização.
Além da Bahia, estados como Paraíba e Pernambuco também desempenham papéis importantes na produção de sisal, embora em menor escala. O projeto tem potencial para beneficiar diretamente essas comunidades, gerando impactos sociais e ambientais positivos.
Sustentabilidade e Desenvolvimento Econômico de Mãos Dadas
O RePlanta Agave não apenas transforma a maneira como o sisal é cultivado e utilizado, mas também promove um modelo de desenvolvimento que alia crescimento econômico à sustentabilidade ambiental. Ao investir na capacitação de agricultores e no aproveitamento integral da planta, a iniciativa demonstra que é possível gerar renda e, ao mesmo tempo, reduzir impactos ambientais.
Esse é um exemplo claro de como a tecnologia e a inovação podem ser aliadas no combate às desigualdades regionais, oferecendo alternativas econômicas para comunidades em áreas de difícil acesso. Com o RePlanta Agave, a Bahia se posiciona como protagonista em uma nova era para o sisal, onde o potencial energético e sustentável da planta é explorado ao máximo.
Conclusão
Ao unir esforços do setor público, associações locais e agricultores, o RePlanta Agave está construindo uma cadeia produtiva mais eficiente, sustentável e lucrativa. Mais do que um projeto de agricultura, essa iniciativa representa um marco na transição energética e no fortalecimento econômico de regiões semiáridas, reafirmando o papel estratégico do Brasil como líder na produção e inovação em sisal.
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