O Ministério da Agricultura da Alemanha anunciou na quarta-feira (15) que espera continuar com as exportações de carne e produtos lácteos para a União Europeia (UE), mesmo após a confirmação de um caso de febre aftosa na última semana. A situação gerou preocupação no setor agrícola, mas as medidas adotadas até o momento oferecem uma perspectiva positiva.
O Caso Confirmado e as Implicações
Na sexta-feira (10), as autoridades alemãs identificaram o primeiro surto de febre aftosa em quase quatro décadas. O caso foi detectado em um rebanho de búfalos localizado nos arredores de Berlim, na região de Brandemburgo, conforme relatado pela Agência Reuters.
A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta ruminantes de casco fendido, como bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Embora não represente riscos à saúde humana, a doença pode ter impactos significativos na produção agropecuária. Históricamente, surtos dessa doença levaram a grandes campanhas de abate para contê-la, além de resultarem em proibições de importação de produtos de países afetados.
Entre os países que já restringiram as importações da Alemanha estão o Reino Unido, a Coreia do Sul e o México, o que reflete a preocupação internacional em relação à propagação da doença.
Medidas de Controle e Regionalização
O governo alemão alertou que um único caso de febre aftosa poderia comprometer as exportações de carne e lácteos para fora da UE. No entanto, o Ministério da Agricultura informou que a Comissão Europeia considerou adequadas as medidas de quarentena adotadas. Uma zona de segurança de aproximadamente 10 quilômetros foi estabelecida ao redor da fazenda afetada, permitindo o uso do princípio de regionalização para manter o comércio racionalizado.
Segundo as normas da União Europeia, as restrições de importação são aplicadas apenas às regiões onde a doença foi detectada, e não ao país inteiro. Cem Oezdemir, ministro da Agricultura da Alemanha, destacou a importância dessa abordagem: “A decisão de Bruxelas é um alívio para os agricultores, pois garante a continuidade do comércio dentro do bloco”.
A Comissão Europeia optou por não ampliar a área de quarentena além da zona estabelecida em Brandemburgo. Isso permite que carnes e produtos lácteos de outras regiões da Alemanha continuem sendo comercializados normalmente dentro da União Europeia.
Foco nas Exportações Intra-UE
Nos últimos anos, a Alemanha tem concentrado suas exportações de carne, especialmente carne suína, dentro da União Europeia. Isso se deve, em parte, às restrições impostas por países terceiros após surtos de febre suína africana em 2020. Essa dependência do mercado europeu torna ainda mais crucial a manutenção das exportações dentro do bloco.
Na terça (14) , o Ministério da Agricultura informou que, após testes intensivos nas áreas ao redor do foco inicial, não foram detectados novos casos de febre aftosa. Esse resultado reforça a eficácia das medidas de contenção adotadas e aumenta as expectativas de estabilização da situação.
Conclusão
A confirmação de um caso de febre aftosa na Alemanha reacendeu alertas no setor agropecuário, mas as medidas rápidas e eficazes adotadas pelas autoridades alemãs, aliadas ao suporte da Comissão Europeia, minimizaram os impactos negativos. A abordagem de regionalização tem se mostrado uma solução viável para manter o comércio de carne e produtos lácteos dentro da União Europeia.
Com o monitoramento constante e a implementação de medidas rigorosas de quarentena, espera-se que a Alemanha consiga superar rapidamente esse episódio, garantindo a segurança sanitária e a estabilidade das exportações. O caso também serve como um lembrete da importância de sistemas robustos de vigilância e resposta a emergências sanitárias na agricultura global.
