A broca da cana-de-açúcar é uma das principais ameaças enfrentadas pelo setor sucroenergético brasileiro. Seus danos vão muito além da lavoura, afetando diretamente o processamento industrial e elevando custos de maneira significativa. Um estudo realizado pelo Pecege Consultoria e Projetos, em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), revelou números alarmantes sobre os prejuízos causados por essa praga.
Impactos econômicos da broca no setor sucroenergético
O levantamento aponta que as perdas associadas à broca podem elevar os custos industriais em até 18%, dependendo do nível de infestação. Isso ocorre porque a praga compromete a qualidade da matéria-prima, reduzindo a eficiência fermentativa e aumentando a contaminação durante o processamento.
As unidades sucroenergéticas do Centro-Sul do Brasil, principal região produtora do país, são as mais impactadas. A produção de açúcar e etanol sofre diretamente com a infestação, o que se reflete em ajustes nos custos por tonelada processada.
Custos ajustados pela infestação
O estudo detalha como a qualidade da cana é impactada pelo índice de infestação, refletindo-se nos custos agroindustriais:
- Produção de açúcar branco: Em uma planta com 8,5% de comprometimento pela broca, o custo de processamento chega a ser 6% maior em comparação a uma cana livre de infestação. Isso representa um salto de R$ 218 para R$ 231 por tonelada processada.
- Produção de etanol: O impacto é ainda mais significativo. No mesmo cenário (8,5% de infestação), o custo de produção do etanol aumenta 18%, subindo de R$ 235 para R$ 285 por tonelada.
Esses números demonstram o peso econômico da praga e como ela afeta a competitividade do setor sucroenergético.
A importância de estratégias de controle
Para Haroldo Torres, do Pecege Projetos, os dados reforçam a necessidade de medidas eficazes de controle e prevenção. “Este levantamento evidencia o quanto os danos causados pela broca afetam o setor não apenas em termos produtivos, mas também econômicos. É fundamental investir em estratégias que mitiguem essas perdas e garantam maior eficiência na produção”, destacou Torres.
Entre as alternativas disponíveis, o uso de tecnologias avançadas na agricultura tem se mostrado uma solução promissora.
Tecnologia Bt: uma ferramenta eficaz contra a broca
Uma das tecnologias mais eficazes no combate à broca da cana-de-açúcar é o uso da cana Bt. Desenvolvida com base na biotecnologia, essa variedade geneticamente modificada é resistente à praga e apresenta taxas de controle superiores a 95%, conforme destaca Ricardo Neme, gerente de marketing do CTC.
A adoção da cana Bt reduz drasticamente os danos causados pela praga, tanto na lavoura quanto no processamento industrial, trazendo benefícios diretos como:
- Menor contaminação da matéria-prima;
- Aumento da eficiência fermentativa;
- Redução dos custos industriais.
Além disso, a tecnologia contribui para a sustentabilidade do setor, diminuindo a necessidade de defensivos agrícolas e preservando os recursos naturais.
Conclusão
A broca da cana-de-açúcar é uma preocupação central para o setor sucroenergético, impactando tanto os custos industriais quanto a competitividade dos produtos no mercado. O estudo conduzido pelo Pecege e pelo CTC destaca a importância de compreender a extensão dos danos causados pela praga e buscar soluções eficientes para minimizá-los.
A tecnologia Bt surge como uma ferramenta indispensável nesse contexto, oferecendo controle eficaz e garantindo maior sustentabilidade à produção. Para o setor sucroenergético, investir em inovação e controle de pragas é mais do que uma necessidade — é uma estratégia essencial para assegurar a rentabilidade e a qualidade dos produtos finais, como açúcar e etanol.
Com a adoção de práticas agrícolas modernas e o uso de biotecnologias avançadas, o Brasil tem a oportunidade de não apenas minimizar as perdas, mas também consolidar sua liderança no mercado global de energia renovável e açúcar.