Na última semana, o mercado da soja apresentou grande volatilidade, refletindo uma combinação de fatores internos e externos que influenciam diretamente as cotações e as perspectivas para a safra 2024/25. Acompanhe os principais destaques sobre o avanço do plantio, as condições climáticas e os impactos econômicos no Brasil e no cenário internacional.
Como está o plantio da soja no Brasil?
No Brasil, o plantio da soja já alcançou 78,2% da área prevista, segundo dados da plataforma Grão Direito. Esse desempenho supera a média dos últimos cinco anos, que é de 71,1%, indicando um ritmo acelerado em muitas regiões, especialmente no Centro-Oeste, onde chuvas recentes favoreceram as lavouras.
Entretanto, nem todas as áreas têm sido beneficiadas igualmente. No oeste do Mato Grosso do Sul, por exemplo, os produtores enfrentaram períodos de seca, e a previsão de chuvas mais intensas só aponta para o mês de dezembro. Apesar dessas dificuldades localizadas, as condições gerais das lavouras permanecem positivas, alimentando expectativas para uma safra robusta no país.
E na Argentina?
Na Argentina, o plantio também avança em ritmo satisfatório. De acordo com a Bolsa de Cereales, 20,1% da área prevista já foi semeada, representando um crescimento de 12,2% em relação à semana anterior. O clima tem favorecido o progresso da semeadura, elevando o otimismo para a safra argentina, que é uma peça importante no abastecimento global de soja.
No entanto, o mercado argentino, assim como o brasileiro, não está imune a fatores externos. Um dos principais desafios enfrentados pelo setor é a volatilidade do dólar, que impacta diretamente os custos e a competitividade das exportações.
O impacto do dólar no mercado de soja
A valorização do dólar tem sido uma constante nos últimos meses. Na última semana, a moeda norte-americana manteve-se em alta, fechando próxima a R$ 5,79. A postura mais cautelosa do Federal Reserve em relação à redução das taxas de juros nos Estados Unidos tem fortalecido o dólar globalmente, pressionando os preços de commodities como a soja.
Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros de soja para janeiro e março de 2025 registraram quedas de 2,35% e 2,51%, fechando a US$ 9,98 e US$ 10,09 por bushel, respectivamente. Esse cenário reflete as dificuldades para manter a competitividade da soja brasileira e de outros países emergentes no mercado global.
Demanda global e desafios na China
No mercado internacional, a demanda por soja enfrenta desafios, especialmente na China, maior consumidora global do grão. A produção de carne suína no país aumentou no último trimestre, mas o consumo não acompanhou o ritmo, reduzindo as margens de lucro dos produtores. Isso impactou diretamente a demanda por farelo de soja, um dos principais insumos da suinocultura.
Embora a expectativa seja de uma recuperação sazonal do consumo de farelo nos próximos meses, especialmente com o aumento na demanda por carne suína durante o final do ano, os efeitos desse movimento ainda dependem da dinâmica do consumo doméstico na China.
Logística e desafios futuros
Com o ritmo acelerado do plantio no Brasil, a qualidade das lavouras tem sido considerada excelente, o que já começa a refletir em prêmios futuros mais elevados. Contudo, esse cenário positivo traz desafios logísticos significativos.
Entre fevereiro e março de 2025, período de pico na colheita, espera-se um grande volume de grãos para escoamento, o que pode gerar gargalos no transporte e no armazenamento. Essa situação exige um planejamento cuidadoso da infraestrutura logística para evitar prejuízos à cadeia produtiva.
O que esperar para as próximas semanas?
O mercado de soja deve continuar enfrentando volatilidade nas próximas semanas. O fortalecimento do dólar, os desafios logísticos e a dinâmica de oferta e demanda, especialmente na China, desempenharão papéis importantes na definição das cotações.
No Brasil, apesar da pressão sobre a safra futura, os bons prêmios para o grão disponível podem compensar parcialmente os impactos da alta do dólar. Ainda assim, produtores e agentes do mercado devem estar atentos à logística e às condições climáticas para garantir um escoamento eficiente da produção.
O cenário global segue desafiador, mas o avanço no plantio e as condições favoráveis indicam que tanto o Brasil quanto a Argentina podem contribuir para uma oferta global robusta na próxima safra, mantendo a soja como uma das principais commodities do agronegócio mundial.